Besteiras

Moço do Suporte – “Você não tem coração?”

Crônica – Moço do Suporte o Carrasco da Firma

Muito se engana quem pensa que a figura mais temida de um escritório é o chefe: o fato de ele ter um salário muito maior que o seu e uma cadeira muito mais confortável que a sua não quer dizer, necessariamente, que o cara é malvado. A vilania também existe naquela sádica e sorridente mocinha do RH, que vive inventado churrascos de confraternização entre funcionários que pagariam para não trombar com os colegas fora do expediente. E o que dizer do protegido dos superiores? O figura adora um puxa-saquismo e, durante a prática, gosta de puxar o tapete dos outros.

Na verdade, se pensarmos direito, todo ambiente de trabalho é repleto de figurinhas deveras amedrontadoras, do tipo que você reza para não esbarrar enquanto pega um cafezinho ou busca uma fotocópia. Aqueles sujeitos que lhe fazem adiar o almoço só para não correr o risco de dividir o elevador com eles. Nenhum, porém, pode ser comparado ao maior carrasco da firma. Ele vive nas sombras, não é de muita fala e esconde suas malvadezas em pequenos gestos. Sim. O moço do suporte.

Todas as empresas pelas quais eu passei dependiam dos computadores para o seu ganha-pão – e é em casos como esse que o moço do suporte se esbalda, por saber que seus conhecimentos e sua presença são mais necessários que os de grande parte dos demais empregados. Pode reparar: em firma de internet, por exemplo, ele não se mistura com a gentalha que fica do lado de lá da redoma de vidro onde ele fica. Porque enquanto nós temos mesas grudadas umas nas outras em um escritório calorento, ele tem um espaço com a temperatura controlada por conta do maquinário.

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