Deu pau no T.I.
Aparentemente, tem gente caindo na real. É incrível como ainda tem gente pensando que TI é apenas mais um setor da empresa.
Esclarecendo a realidade para os geeks e não-geeks:
Realidade 1: O setor de TI, seja ele grande ou pequeno na sua empresa, não pode falhar, seja qual forem as circunstâncias. Se o TI falha, o resto da empresa falha em cascata. Geralmente o TI controla todos os documentos e processos da empresa. É por ele que os funcionários dirigem suas atividades, é por ele que o gerente toma as melhores decisões, é por ele que se vê quanto de lucro teve-se no mês, etc. Nenhuma empresa está preparada para “voltar ao papel”, ou seja, se o TI falhar, sair do ar, ou cair a internet, a empresa literalmente pára.
Realidade 2: Pagar alguém, ou uma equipe, para não falhar, custa caro, muito caro. Assim como temos muitos profissionais desqualificados, também temos muitas empresas banalizando a área de TI, pagando salários miseráveis a pessoas muito boas. Eu mesmo conheço muitos que estão assumindo responsabilidades gigantescas e continuam ganhando seus 4/5 mil por mês. Quer um profissional bom? Pague! Existem inúmeros por aí, mas todos eles já estão bem empregados.
Realidade 3: Cadê os velhões? Quero saber onde estão os experientes da nossa área. Onde está toda aquela galera do cobol, do clipper, que faziam miséria com seus programinhas? Infelizmente, estimo que muitos deles nunca deixaram de fazer exatamente aquilo: programinhas; enquanto outros abriram empresas, ou mudaram de área buscando salários mais altos. Como toda a pessoa que não sabe pensar a longo prazo, o mercado não remunerou e não deu chances para esses profissionais, o que resulta nesse colapso (como diz na reportagem) de mão de obra qualificada. Agora o mercado terá que pagar para corrigí-lo. E não esperem o governo, eles não vão fazer nada.
Realidade 4: Profissionais de informática não se responsabilizam por nada! Fato. Programadores não se importam com o que estão fazendo, se está certo ou não. Não testam, não arrumam as interfaces, não obedecem prazos, não pensam no problema como um todo, mas principalmente não se responsabilizam. Assim como os políticos, nenhum programador é condenado por seus erros. Além disso, muitos programadores consideram um erro, como inicializar uma variável, um erro banal, mas esquecem que quando isso ocorre, deixa o usuário nervoso, acaba com toda a regra de negócio, e movimenta muitas pessoas para a caça ao mísero bug. Quando passam para ele corrigir o problema ele fala: “Calma pessoal, eu já arrumei. Era só um detalhe no programa”. E lá se vão 2 dias de stress geral e muita grana jogada fora.
Realidade 5: Parte dos profissionais de TI que “evoluem” em seus cargos acaba chegando a conclusão de que o mundo dos negócios não é nada mais que enrolação. Principalmente no Brasil, o que mais se vê por aí é empresa enrolando empresa e profissional enrolando seu chefe e seus companheiros. O pior é que todo mundo sabe disso. O que ocorre no setor de TI é que a “enrolação”, cria um prejuízo muito grande. Aquele papo de: “liberamos o sistema assim mesmo, depois a gente acerta os bugs” é fatal. Pode se preparar porque vem prejuízo grande aí. Levante a mão quem passou por uma migração de sistema ou uma implantação, sem sofrer, sem se estressar, sem criticar o pessoal de TI. Ninguém? É. É sempre assim. Enrolando, enrolando e enrolando.
Realidade 6: Falta de métrica para avaliar bons profissionais. Quem não conhece um caso de contratar gato por lebre? Claro, todo mundo tem um. Aquele profissional que diz ser o bixo, que manja de tudo, mas, na real, não sabe de nada. Terá que estudar muito antes de começar qualquer simples CRUD. Que perde mais tempo na internet do que na frente da IDE, que só fala de RUP, XP e Scrum, mas quando é para colocar ordem na casa, não consegue implantar nenhum dos três. É o típico caso de gato por lebre. E enquanto houver gente se achando por aí, e não houver uma métrica confiável para avaliar bons profissionais, vai ter muito caso desse gênero.
Só tenho uma coisa a dizer aos engravatados. Tem muita gente boa por aí, paguem bem e exijam a segurança da informação e o bom funcionamento do sistema para eles. Agora, se não querem pagar, vão ter problemas semelhantes ao do Sr. Luiz Cláudio Menezes, da reportagem. E, para os geeks de plantão, lembrem-se que o fundamental não é ser bom, mas estar bem preparado.